sexta-feira, 19 de abril de 2013

Audiência Pública na Assembleia Legislativa de São Paulo debate assaltos às encomendas dos Correios e consequências aos trabalhadores



Audiência Pública debatendo assalto a carteiros
No dia 18 de abril foi realizada Audiência Pública, na Assembleia Legislativa de São Paulo, para debater os assaltos de encomendas dos Correios no Estado de São Paulo e consequências aos trabalhadores. A audiência foi convocada pelo Deputado Estadual Carlos Gianazzi, que convidou os sindicatos que representam os trabalhadores, a direção da ECT e a Secretária de Segurança Pública do Estado.

Como não podia deixar de ser, o SINTECT/CAS esteve presente e denunciou o descaso que a direção da ECT tem tratado este tema. O companheiro Biaia - que fez parte da mesa que conduziu a Audiência - cobrou da empresa suporte para os trabalhadores que sofrem assaltos como tratamentos psicológicos, cancelamento da entrega nas áreas de risco e acompanhamentos jurídicos no momento que os trabalhadores vão para delegacias lavrar Boletim de Ocorrência, nos depoimentos e audiências que envolvam a caso. Biaia também cobrou do representante da Secretária de Segurança Pública, mais respeito por parte dos delegados e policiais, que tem tratado os trabalhadores assaltados como suspeitos, quando na verdade são vítimas. E concluiu exigindo responsabilidade e respeito da empresa e do Poder Público afirmando que os trabalhadores estão abandonados.

Trabalhadores concedem depoimentos

Vários trabalhadores presentes no plenário deram seus depoimentos sobre o descaso da empresa, da humilhação que algumas vezes passam nas delegacias e sobre o trauma psicológico que adquirem diante desta situação. Dentre os trabalhadores presentes havia um carteiro que foi assaltado 27 vezes. Em seu depoimento ele contou que por várias vezes foi tratado como suspeito, ou seja, colocado como o bandido que o assaltou. O cúmulo foi atingido quando policiais militares encostaram alguns suspeitos no muro e pediram que o trabalhador fizesse o reconhecimento em via pública. Para se ter uma ideia do descaso, no último assalto, ele teve que ficar até 5h do dia seguinte na delegacia para fazer o reconhecimento, durante todo o período de espera, a empresa não enviou advogado ou nem mesmo um gestor para dar suporte. PASMEM, até hoje nem hora extra ele recebeu por isto. 

 Remerson do CEE Taquaral denuncia descaso da ECT
O dirigente sindical Remerson, que trabalha no CEE Taquaral em Campinas, também deu depoimento e disse que no interior, a situação não é diferente. Ele relatou que os trabalhadores são ameaçados em seus próprios locais de trabalho, por familiares e comparsas de assaltantes presos, para que não façam o reconhecimento nas delegacias ou audiência. Segundo Remerson, estas ameaças se estendem aos familiares dos trabalhadores e que em alguns casos, o trabalhador mudou-se de casa no intuito de proteger a família.

A pergunta que todos trabalhadores deixaram no ar é: Por acaso a direção da empresa está esperando morrer um dos seus funcionários, para tomar uma medida efetiva?

“A segurança de encomendas e funcionários dos Correios são deveres da empresa”, afirma representante da Secretária de Segurança Pública do Estado

O representante da Secretária de Segurança Pública, presente na Audiência, entende que a segurança das encomendas e empregados é de responsabilidade da ECT. Ele explicou também que a polícia não pode realizar escoltas policiais a um determinado segmento da sociedade. Como exemplo, citou a indústria de cigarros, que também enfrentavam o mesmo problema. Segundo ele, a situação foi resolvida após colocarem escoltas que reduziram, consideravelmente, o número de assaltos. 

Quanto às denúncias de descasos sofridos por carteiros nas delegacias, o representante se comprometeu a passar orientações a Polícia Militar, Polícia Civil e as delegacias, para que tratem os trabalhadores como vitimas e não como culpados, e também que não permitam que os carteiros fiquem frente a frente com os assaltantes nas delegacias e, muito menos em via pública. Caso seja necessário fazer reconhecimento em via pública ou cara a cara com a assaltante, o representante da Secretária da Segurança Pública foi taxativo: “NÃO RECONHEÇA”.

O representante da ECT optou pela negação da gravidade dos assaltos

O representante da ECT, Eugênio Valentim (Diretor Adjunto - DR/SPM), em seu discurso optou por negar a gravidade dos assaltos, e apontou medidas que a empresa tem feito na Capital. Como exemplo falou sobre as travas eletrônicas que foram colocadas nas portas das viaturas e que só são abertas por meio de código a ser digitado pelo carteiro. Segundo ele, a medida reduz em 50% os assaltos. 

A fala de Eugênio causou protesto dos trabalhadores, pois é notório o crescente número de assaltos, já que a trava serve apenas para proteger as encomendas e não o trabalhador que fica exposto à ação violenta de criminosos. São muitos os registro de casos em que carteiros foram agredidos durante o assalto por não conseguirem abrir a trava. O que ficou claro na fala do representante da ECT é que os trabalhadores estão sendo deixados em segundo plano, quando o assunto é assalto a encomendas.

Deputado Giannazi compromete-se a levar denúncias dos trabalhadores ao Ministério Público do Trabalho

Ao final da audiência, o deputado Giannazi disse que ficou espantado com os depoimentos dos carteiros e que não imaginava que a situação chegou a esse ponto. O deputado falou ainda que a empresa Correios apresentada nas propagandas da TV é muito diferente do que os trabalhadores relataram na audiência e ponderou: “Será que não é o caso dos trabalhadores darem uma arranhada na imagem da ECT, trazendo este debate a luz do dia? Com certeza, a população não faz ideia do que os carteiros enfrentam no dia-a-dia e ficam apenas com a imagem dos Correios que aparece nas propagandas”. 

O deputado informou também que todas as informações passadas pelos representantes dos Sindicatos, ECT, Secretária de Segurança Pública e principalmente, os depoimentos dos trabalhadores foram gravadas e notas serão taquigráficas na audiência e enviadas à Presidente Dilma Rousseff, ao Governador Estadual Geraldo Alckmin, ao presidente da ECT, aos Sindicatos e principalmente, ao Ministério Público do Trabalho que pedirá fiscalização junto à empresa.  

ATENÇÃO: É necessário que os trabalhadores relatem todos os assaltos ao sindicato para que possamos ajudar a produzir com mais detalhes este dossiê, apresentando provas como os boletins de ocorrências e CAT´s - que devem ser exigidos pelos trabalhadores.

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