Depois de 5 anos de saldamento obrigatório participantes do Plano BD SALDADO voltam a pagar
Em 2008, a ECT e a direção do
POSTALIS realizaram o saldamento obrigatório do plano de Benefício Definido
(BD). O saldamento foi realizado sob o argumento de que o plano causava
desequilíbrio, que a empresa iria assumir integralmente o déficit do plano BD
referente a RTSA (Reserva Técnica de Serviço Anterior), e que se seguiria com o
novo plano POSTALPREV. O movimento sindical se opôs ao saldamento, ingressando
com uma série de medidas políticas e jurídicas.
Para surpresa dos
trabalhadores, já em 2009 - um ano após o saldamento -, descobriu-se que o
valor do déficit de responsabilidade da empresa não era de 639 milhões e sim de
1,441 bilhões. A ECT questionou este valor, e começou o processo de reconhecimento
da dívida, até hoje não pacificada, apesar da empresa estar pagando mensalmente
os valores. O Tesouro Nacional tem colocado obstáculos à aceitação, dizendo que
grande parte deste valor deve ser assumido pela empresa e trabalhadores.
No balanço do Postalis, está
contabilizada como reconhecida esta dívida da ECT, mas a questão do
reconhecimento da RTSA está longe de ser pacificada. Em 2010 o balanço fechou
com um superávit de 135 milhões, contando com o reconhecimento da RTST. Já em
2011, o plano BD fechou com um déficit de 392 milhões, sendo que
aproximadamente 200 milhões eram de default, ou seja, de credores que não
estavam pagando o combinado e estavam em processo de execução ou renegociação.
Já em 2012, o plano fechou
com um déficit de aproximadamente R$ 985 milhões, causado, principalmente, pelo
péssimo desempenho financeiro dos investimentos e pela mudança da tábua de
mortalidade da AT 83 para AT 2000. O resultado desta política é que, agora, os
trabalhadores ativos e aposentados do plano BD, pagarão mais para ter a mesma
coisa. O Postalis aprovou o retorno da contribuição dos participantes ativos de
3,94% do benefício saldado e o reajuste da contribuição dos aposentados de 9%
para 12,94%.
O pior é que isto não irá
resolver os problemas, já que a empresa ainda não reconheceu a RTSA. Recentemente,
o Conselho da Previdência Complementar também aprovou a redução da meta
atuarial de INPC+6% para INPC+4,5% até 2018. Isto causará uma necessidade de
recomposição dos recursos de grande valor.
Jornal Valor Econômico denuncia:“SEC revela fraude milionária contra Postalis”Segundo a matéria do jornal foi fraudado um fundo do Postalis no valor de U$ 24 milhões de dólares. Ainda na matéria, um executivo sênior do Postalis é citado, porém sem ter o nome revelado. Mais uma vez, o nome do instituto é colocado no meio de um escândalo. Em setembro, o instituto recebeu o resultado de uma fiscalização da Previc - autarquia que tem por finalidade a fiscalização dos fundos de pensão -, onde várias irregularidades foram constatadas, principalmente a falta de prudência no que diz respeito aos limites de aplicação.Em novembro, o conselho deliberativo debateu a exoneração do diretor financeiro do Postalis porém, houve empate na votação. Três foram favoráveis à exoneração e três contrários. Como houve empate, o presidente do conselho deliberativo - que é indicado pela empresa -, usou o voto de minerva e manteve o diretor financeiro. Nota-se que a gestão financeira do Postalis não vem apresentando resultados, o que tem colocado em risco os recursos garantidores dos benefícios.Há falta de presença efetiva de participantes na gestão cotidiana do Postalis, ou seja, na diretoria. A falta total de transparência, inclusive com os conselhos, que ficam sabendo de coisas pela imprensa e pela fiscalização da PREVIC, demonstra que na realidade o governo usa o fundo como quer. Divide sua diretoria segundo interesses partidários, entre pessoas com nenhum compromisso com o instituto, indicados por partidos políticos. Muitos nunca trabalharam com fundo de pensão, outros não apresentam o conhecimento necessário.O resultado disto hoje é que temos um escândalo a ser investigado, um resultado financeiro desastroso, uma dívida RTSA não reconhecida pela empresa e os trabalhadores pagando a conta! O que gera pavor e indignação é saber que o nosso plano BD será o primeiro plano saldado e, diga-se de passagem, obrigatoriamente que voltará a contribuir. O mais alarmante é que o que causou a situação, em sua maior parte, foi a gestão financeira. É obvio que um plano saldado pode gerar desequilíbrio, mas mais por razões estruturais do plano, ou seja, de premissas atuariais como tempo de sobrevida do que por razões financeiras.O movimento sindical encaminhará denúncias aos órgão apropriados (PREVIC, Ministério Público e Polícia Federal). Cobrará da ECT a responsabilização sobre o que lhe cabe RTSA e por sua indicação e manutenção de pessoas sem qualificação adequada. Cabe ao presidente da ECT, Wagner Pinheiro, que foi dirigente de fundo de pensão eleito na década de 90 pelo Banesprev, garantir a democratização do Postalis. Em diversos discursos o presidente, que se projetou na vida pública por ter sido eleito pelos participantes, diz que fará as mudanças no estatuto para viabilizar a participação dos trabalhadores na gestão de fato do fundo de pensão.No entanto, desde sua posse até hoje as coisas continuam como antes. O Postalprev continua sendo um plano elitista e não sofreu as reformas prometidas. Mais do que nunca, é preciso dizer que as bandeiras levantadas nos ano de 2007 e 2008 foram corretas e continuam na ordem do dia! Democratização do Postalis, contra o saldamento obrigatório e por reformas no POSTALPREV. Une-se agora a necessidade de uma ampla investigação sobre os resultados financeiros e sobre a denuncia de escândalo feito pelo jornal Valor Econômico.DEMOCRATIZAÇÃO DO POSTALIS, CONTRA O SALDAMENTO OBRIGATÓRIO, POR REFORMAS NO POSTALPREV E POR INVESTIGAÇÃO E RESPONSABILIZAÇÃO DAS DENUNCIAS!
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